sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Teresa



A minha história com o Gaspar tinha tudo pra dar errado. Eu implicava com o coitado até dizer chega. Primeiro por ele ter acabado de completar 18, ou seja, era um menino de quase 17, o que significa que além de bobão era só um ano mais velho que eu, e sempre gostei de caras mais velhos. Como se não bastasse, por causa do infeliz me vi na obrigação de abdicar de um dia de diversão com as minhas amigas para fazer um programa família com ele e meus pais.
Eu explico. O pobre coitado tinha acabado de voltar para o Rio depois de quase três anos no exterior. A minha mãe, que o considerava um sobrinho, quis mostrar a ele como estava a cidade tanto tempo depois, e me pediu pra ir junto. Ela era amiga de infância da mãe dele, estudaram juntas desde pequenas e jamais perderam o contato. Sempre achei isso bacana, preservar os amigos de colégio. As duas são como irmãs até hoje.
O Gaspar ficou nos Estador Unidos por dois anos e dez meses. Partiu para lá por conta de um intercâmbio de seis meses mas, como era fera no (acredite!) beisebol , acabou arrumando uma bolsa para jogar no time de uma escola ótima. E, para desespero, saudade e muito drama de sua mãe, na época chamada por mim de tia Beth (na época uma ova, até hoje eu a chamo assim!), foi ficando, ficando, ficando...
Nós dois nunca fomos muito chegados. Brincávamos quando nossas mãe  se visitavam, até nos divertíamos, mas era meio esquisito estar com ele. Não tínhamos os mesmos interesses, os mesmos papos. Um exemplo? Numa tarde chuvosa, ele me chamou em seu quarto para me mostrar uma "coisa rara". Fiquei curiosa e fui. O idiota tinha pousado uma meleca no papel higiênico para me mostrar como "melecas podem ser gigantes e assustadoraas".
Argh! Mil vezes argh!
é por essas e outras que não sei se quero ter filho homem.
[Continua...]

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